sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O outro lado de uma amizade

Uma coisa que sempre nos impressiona é a fidelidade e amizade incondicional de um cão por seu dono. Vemos exemplos diários disso. Há histórias de cães que atacam assaltantes armados ou se colocam diante de uma arma para defender seus donos.  Há histórias fantásticas de cães que ficam junto ao túmulo de seus donos, e não devemos nos esquecer da história (real) de Hachiko, o cão que durante quase dez anos foi diariamente à estação ferroviária para esperar seu dono (que já havia morrido) - é a história recentemente filmada com Richard Gere, Sempre ao seu lado (Hachiko: A Dog's Story, 2009), refilmagem de um filme japonês de 1987 (leia aqui a história). 

Estátua de Hachiko, estação ferroviária, Shibuya, Japão

Mas este post aborda o outro lado da moeda: a amizade de um dono por seu cão. Outro dia, quando passeávamos pela rua do Mackenzie, vimos uma cena que já havíamos visto antes - a diferença é que desta vez tínhamos o celular para fotografar a cena: um sem-teto que dormia na calçada, acompanhado de seus dois cães, que tinham coleiras e guias e pareciam bem cuidados.

Rua Maria Antônia (10/11/2010)

No nosso bairro já vimos muitos desses casos: pessoas que não abandonam seus cães, mesmo que não tenham onde morar, e repartem com seus animais o pouco alimento que conseguem. Homens que preferem continuar pelas ruas com seus cães a ir dormir em albergues que não aceitam animais. Catadores de papel e outros materiais que levam seus cachorros amarrados a suas carroças, para acompanhá-los em sua jornada diária. Certa vez, vimos um desses catadores com sua carroça parada junto a uma pracinha, e ao lado da carroça estava sua cadela, dando de mamar aos filhotinhos. Quando os filhotinhos acabaram de mamar, o homem os colocou dentro de uma caixa de papelão, colocou a caixa em sua carroça, deu água à cadela e seguiu adiante, com a cadela atrás dele. Quando minha dona lhe perguntou por que havia trazido a cadela com os filhotinhos, ele respondeu simplesmente "ela queria vir trabalhar comigo, para trazê-la tive que trazer os filhotes também". 

As fotos abaixo (encontradas aqui) exemplificam esse tipo de relacionamento:





Infelizmente, há outro tipo de histórias. Histórias de pessoas que abandonam seus animais em estradas ou matagais - por vários motivos - porque o animal cresceu demais, porque late demais... pessoas que abandonam seus cães e gatos porque não podem levá-los em suas viagens de férias... pessoas que maltratam seus animais... neste mesmo blog, registrei aqui uma história recente de maus tratos, felizmente com final feliz. 

Em um programa chamado Distrito Animal (Animal Precinct, do canal pago Animal Planet), são exibidos casos de maus tratos nos Estados Unidos: pessoas que se mudam e não levam seus cães, deixando-os para que morram de fome... animais que são deixados fora de casa quando está nevando... e muitos outros casos... nesse programa, muitas vezes os animaizinhos morrem, mas em muitas outras ocasiões os policiais chegam a tempo e conseguem salvar o animal, que depois é adotado por outra família. Além disso, comprovados os maus tratos, os donos são presos e têm que pagar pesadas multas.  

Mesmo em olhinhos caninos espevitados, curiosos e arteiros, como os meus, é possível detectar um amor incondicional, uma fidelidade inabalável, não importando quantas broncas levemos. E conosco nunca há mau tempo: sempre estamos dispostos a um passeio ou uma brincadeira, a ir buscar a bolinha pela enésima vez ou a nos fingir de mortos. Tudo para fazer surgir um sorriso no rosto de nossos donos. Que bom que há alguns humanos que conseguem perceber isso, e retribuir a nossa dedicação! Que bom que há alguns que entendem que, para nós, um colo sempre é mais confortável que uma caminha! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário