domingo, 9 de janeiro de 2011

Punto e basta

A novela Passione entra na sua última semana, com o personagem Totó ressuscitado, para alívio dos que, como nós aqui em casa, não nos conformávamos com a morte do protagonista e já adivinhávamos que o italiano (que na verdade é brasileiro) não havia morrido. 

Nós não somos terrivelmente viciadas, mas gostamos de uma boa novela de época ou que apresente alguma cultura estrangeira, como foi o caso de Caminho das Índias e Passione. 

As novelas de época têm a vantagem de nos poupar das irritantes inserções comerciais "disfarçadas" no enredo, como quando os personagens entram em uma agência de determinado banco,  ou vão comprar roupas em determinada loja,  ou usam perfume ou hidratante de determinada marca, ou vão ao cinema para ver determinado filme (sempre  protagonizado pelos atores da emissora). 

Universo curioso, o das novelas. E limitado. Todos se conhecem, de uma maneira ou de outra. No caso de Passione, Silvio de Abreu reduziu a Itália e o Brasil a praticamente uma única família, e a coisa chegou a tal ponto que o personagem Berilo era casado simultaneamente na Itália, com a filha de Totó, e no Brasil, com a irmã de Totó.  Os personagens que não pertencem à família Gouveia trabalharam, em algum momento, na metalúrgica da família ou na sua mansão, como se não houvesse outra empresa ou outra mansão em toda a cidade de São Paulo.

Passione apresentou os ingredientes clássicos de uma telenovela: ricos, pobres, crimes, traições, segredos, vinganças, gente muito boa, gente muito má. Creio que nunca houve na história deste país tanta gente falando "com licença" para sair de um ambiente! Nunca houve tanta gente ouvindo o que não devia por uma porta entreaberta. 

Também houve algumas incoerências, como costuma acontecer nos folhetins, como quando o personagem Totó, recém-chegado da Itália e que nunca havia estado em São Paulo, começa a andar sem rumo pela cidade, começando na Avenida Paulista, passando pela Nove de Julho, chegando à estação da Luz, e finalmente indo parar na zona leste, na casa da personagem Felícia, onde havia estado uma única vez... e tudo isto a pé!!! Figúrati!!!

"Quem matou Saulo Gouveia?" não chegou a ser uma comoção nacional como "Quem matou Odete Roitman?", da novela Vale Tudo, de 1988, mas possivelmente, como costuma acontecer, só saberemos o nome do assassino no último capítulo. A internet já informa a entrada de uma nova personagem, no apagar das luzes, para que o protagonista não acabe a novela sem par amoroso (onde já se viu?). 

No apagar das luzes, porém, quando tudo deveria ser mais "caprichado" para o gran finale, acontecem alguns descuidos, e  vemos os personagens italianos esquecendo o sotaque e falando frases inteiras em português perfeito. 

Apesar de tudo, foi um bom entretenimento, uma boa mescla de suspense, drama e comédia.  Com a fogosa Jéssica, Gabriela Duarte deixou definitivamente de ser a "filhinha da namoradinha do Brasil". Com o vilão Fred, Gianecchini deixou de ser apenas um homem bonito.   Irene Ravache merece todos os prêmios possíveis por sua divertidíssima Clô. Mariana Ximenes criou uma Schifosa realmente detestável. Há que se elogiar, também, o cuidado do autor em criar um personagem para o excelente Leonardo Villar, que andava desaparecido.  E enquanto aguardamos para conhecer o assassino de Saulo Gouveia, esperamos que, pelo menos na novela, os criminosos realmente vão para a cadeia e paguem pelos seus crimes.

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